Os 6 erros cometidos pelos compositores quando escrevem para Harpa




                       


Para aumentar o repertório da harpa alguns arranjadores e compositores criam transcrições. Mas algumas destas "adaptações" ou arranjos  não servem para Harpa. Estes ao compor, imaginam que pelo fato da Harpa usar as claves de Fá e Sol, usadas pelo piano,  a mesma pode sem qualquer dificuldade executar musicas de piano rsrsrsrsrsrs. Harpa é Harpa, Piano é Piano! Mas é claro que existe arranjos e transcrições possíveis !



Isso é apenas um vício comum entre as pessoas que não tem experiência em escrever para Harpa, mas que pode ser vencido facilmente quando há interesse por parte do compositor para conhecer e escrever de forma "funcional" e não "estética" por que ficaria bonito.



                         



A Harpa como qualquer outro instrumento tem suas peculiaridades, em que muitas vezes alguns dos seus efeitos e recursos não  podem ser "imitados" por outros instrumentos.


É necessário um conhecimento geral dos recursos, efeitos, modos de execução na Harpa para uma composição correta, boa e executável.  Havendo qualquer discussão de partes "exageradas " ou muito dificultosas, certamente o(a) harpista vai reclamar e adaptar o trecho. Ele(a) vai tocar o que pode ou o que conseguir tocar em tempo hábil !


O compositor deve ter consciência de como sua música vai funcionar na harpa e se possível conversar com um harpista e mostrar suas músicas para que ele(a) observe os acertos e erros na escrita.


A importância na escrita para harpa está na afinidade ou conhecimento das particularidades da harpa e fazer uso desses conhecimentos para que a escrita seja correta respeitando os "limites do instrumento".


De forma resumida e direta, mostraremos alguns erros cometidos por compositores ao escrever para Harpa:



1º Erro - Na Harpa não se usa o 5º dedo como num instrumento de teclas!!!

Na Harpa não se usa o 5º dedo como no piano, alguns dizem que é pelo fato do dedo "midinho" ser fraco e não proporcionar a tensão necessária para uma corda vibrar corretamente.


                         


Teve compositor que ignorava e até insistiu que o harpista da orquestra usasse o 5º dedo numa de suas obras rsrsrs como o caso do  Villa Lobos!!!

Por tanto não colocar sinais ou números na pauta indicando o uso de um 5º dedo!!!

Exemplo: Se num determinado trecho da música houver um acorde arpejado para cada mão, e ele tiver 5 notas...o harpista escolherá 4 delas para tocar rsrsrsrsrs por que não se usa o 5º dedo na harpa.




2º Erro - Seja claro nas abreviaturas e sinais de dinâmica

*Notas na pauta

Se não houver indicação por meio de palavras ou sinais, o harpista executará no modo convencional. Por exemplo, o compositor pede que a notá Lá seja tocada, caso ele não identifique o tipo de execução ou efeito que deseja o harpista dedilhará a nota convencionalmente. Uma corda pode ter vários efeitos além do som emitido pelo dedilhado normal (convencional), pode ser executada no baixo da corda, próximo ao tampo (que soará como som de guitarra acústica), o belo efeito harmônico, entre outros efeitos dependendo sempre da posição ou região dedilhada  ou tocada na corda.

*Acordes
O compositor deve escrever se o acorde é seco (plaqué ou com sinal colchete),  arpejado ou brisé (com as duas mãos executando ao mesmo tempo), por que se faltar a indicação a primeira tendência é o harpista fazer um acorde arpejado!

*Arpejos
Caso o compositor queira um arpejo em certo trecho,  ele deve escrever de forma clara qual é o tipo de arpejo! a seta ao lado do acorde facilita a ideia do que ele pede. Quando o arpejo é o comum (em direção as notas mais agudas) não é necessário a seta. 




3º Erro - Cuidado com as Modulações em intervalos rápidos!!

Na harpa a realização cromática é lenta por que todo cromatismo é feito pelos pés e não nos dedos! Não por questão da técnica mas por uma questão de tempo para os pés se movimentarem.

Um grande cuidado que se deve ter é a atenção às mudanças de tom ao longo da música. Cada pedal equivale a uma nota musical, e cada nota apresenta oitavas no encordoamento da harpa. Não dá pra deixar por exemplo, um Sol natural na mão esquerda e um Sol # na mão direita num acorde simultaneamente. Se o pedal Sol for acionado na posição # todas as cordas(oitavas) da nota Sol serão Sol #!


                                                

Para alguns trechos deve-se fazer uso da Enarmonização, notas diferentes com o mesmo som.

Se o compositor deseja uma mesma nota, na clave de sol em sustenido e na clave de fá ela em bemol, uma das duas notas tem que ser enarmonizada. Como exemplo usaremos a nota Fá..... na clave de sol ela é Fá sustenido e na clave de fá ela teria que ser bemol mas não posso usar a mesma nota com acidentes diferentes pois acionando um acidente todas as cordas ficariam com este mesmo acidente, então o jeito seria enarmonizá-la .... então o Fá sustenido na outra clave seria substituída por Sol bemol !

Outro cuidado é o de no momento que enarmonizar não precisar daquela nota enarmonizada logo em seguida pois é necessário tempo por conta do trabalho dos pedais !

Evitar o uso também do Dobrado bemol e Dobrado sustenido pra Harpa!! Facilite a vida do harpista!!
Enarmonize de forma simples e clara... Dó bequadro com Si sustenido, Mi bemol com Ré sustenido...e assim por diante.





4º Erro - Números para as oitavas! ....Para o(a) harpista é diferente!

Na harpa as oitavas começam das cordas curtas (agudas) até as cordas longas (graves).  Lá2 pro compositor é uma coisa, pro harpista seria a segunda oitava(corda) da nota Lá !  Ou seja... o compositor escreveria uma coisa e o harpista ia entender outra!

Para esclarecer dúvidas, o melhor será seguir a sequencia antes e a depois do Dó central. Sabendo que são 3 oitavas Dó antes do Dó central e 3 acima dele também (isso numa harpa de 47 cordas).
Então se falarem em Lá 2, o harpista vai pensar diretamente na 2ª oitava (corda) da nota Lá!!!  Convenção da teoria não é usada pros harpistas quando se fala de oitavas numeradas.




5º Erro - Atenção às áreas das cordas em que for escolhidas para execução

Saltos grandes na harpa é chato por conta parte visual, e é complicada. Um salto das cordas mais altas para as mais baixas requer tempo.

Bisbigliando (tremulo) na região mais grave das cordas é uma execuçãoum tanto dificultosa, alguns harpistas terão dificuldade por conta da posição de ter que esticar os braços, mas pode ser escrita pela intenção do efeito sonoro sugerido na obra.




6º Erro - Gráficos para marcação dos pedais

A marcação de pedais é uma marca pessoal, e nem todos os harpistas seguem, pois preferem acionar os pedais quando lhe for mais cômodo.

                                     


                                imagem: http://www.theharplegacyproject.com/article/images/blank1.png




Não desmerecendo o trabalho do compositor de ter a iniciativa de pôr gráficos indicando a mudança do encaixe dos pedais ao longo da obra, mas gráficos as vezes atrapalham o harpista, o mesmo irá preferir fazer a sua própria marcação nas folhas da peça no momento do estudo.


                                       







Agradecemos a sua visita! até o próximo post!  Tchau!!!!!!!






Comentários

Postagens mais visitadas